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Após embates com Francisco, conservadores serão um desafio ao moderado Papa Leão XIV .

May 11, 2025, 3:18 AM

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        "description": "Grupos tradicionalistas nos EUA ganharam força na Igreja, mas escolha do Pontífice americano pode ser o primeiro passo para apaziguar os ânimos Ao assumir a liderança da Igreja Católica, na quinta-feira, o Papa Leão XIV fez um rápido — porém importante — pronunciamento diante dos fiéis na Praça de São Pedro. Ali, citou o legado de seu antecessor, Francisco, e lançou um chamado ao futuro: ao pedir que Jesus Cristo ilumine suas ações, suplicou por ajuda para “construir pontes através do diálogo e do encontro, unindo-nos como um só povo”.\nEntenda: Jornais dos EUA e do Peru disputam 'origem' do Papa Leão XIV, nascido em Chicago e naturalizado peruano\nO Papa é COP: Leão XIV foi convidado para participar da conferência do clima em Belém\nNão era uma mera figura de retórica. Desde seus tempos de missionário, o cardeal Prevost, nascido nos EUA, é visto como “moderado e moderador”. Sua escolha no conclave soa como um gesto de apaziguamento da Cúria Romana à ala conservadora da Igreja, que embora minoritária é cada vez mais vocal, especialmente na terra natal do novo Papa. Mas não há garantias de sucesso.\nAo longo dos 12 anos do papado de Francisco, suas propostas de reforma angariaram um crescente número de desafetos entre os católicos nos Estados Unidos. Embora minoritários, os mais ardentes críticos do “progressismo vaticano” conseguem falar alto e exercer alguma influência. No último conclave, havia 10 cardeais dos EUA — segundo maior número, atrás apenas da Itália —, e um deles, o conservador Raymond Burke, foi um grande crítico de Francisco e era o favorito do presidente Donald Trump na disputa.\nArtigo de Frei Betto: O legado de Francisco e os desafios do Papa Leão XIV\nNo mês passado, o jornal New York Post trouxe em uma matéria o termo “Católicos MAGA”, usando a sigla que serve como lema de Trump desde sua campanha de 2016, “Façam os EUA Grandes Novamente”. Estimativas apontam que há cerca de 61,8 milhões de católicos nos EUA, mas, uma pesquisa da Universidade Georgetown, revela que apenas 17% frequentam missas regularmente — em 1970, eram quase 50%. Os números mostram ainda que os mais tradicionalistas são proporcionalmente os que mais frequentam as celebrações.\n— A Igreja não é uma bolha isolada do mundo, ela não está separada da sociedade e a tensão entre os setores progressistas e conservadores dentro da Igreja, que se acentuou durante o pontificado de Francisco, reflete uma disputa mais ampla, global, pelas narrativas morais, políticas e inclusive teológicas — afirmou ao GLOBO Fábio Nobre, professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).\nLaços com a América Latina: Antes de liderar a Igreja Católica, Papa Leão XIV atuou por um Vaticano mais global\nOs pronunciamentos de Francisco sobre questões como a imigração, o combate à pobreza e a comunidade LGBTQIA+ não raro lhe renderam o apelido de “Papa comunista” ou “falso Pontífice”, como cunhou o ex-estrategista de Trump, Steve Bannon, um católico tradicionalista, ao jornal Guardian, em abril.\nNa entrevista, Bannon recordou sem muita nostalgia de quando Francisco, em 2013, disse que “se uma pessoa é gay, busca a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?”.\n— “Quem sou eu para julgar?” — repetiu Bannon ao Guardian, incrédulo. — Ei, cara, você é o Papa. É isso aí. Você deveria ser crítico. Essa “empatia” é tudo mentira\nMudança generacional\nUm ano antes da chegada de Leão XIV ao comando do Vaticano, a agência Associated Press publicou uma reportagem apontando não apenas a guinada conservadora entre os católicos praticantes americanos — em boa parte ligada ao trumpismo —, mas também dentro do clero. Em entrevista para o artigo, um jovem sacerdote, de viés conservador, disse que progressistas “não se sentiriam mais à vontade” nos seminários.\nUm relatório de 2023, realizado pela Universidade Católica da América, já apontava essa tendência: entre os que ingressam na vida religiosa, a maioria acredita que a Igreja avançou “rápido demais” desde o Concílio Vaticano Segundo, dos anos 1960, que trouxe mudanças na forma como a Igreja se relaciona com o mundo e em rituais internos.\n— Esse grupo chamado “conservador” vê na tradição milenar da Igreja, na tradição de certos símbolos, uma força de segurança espiritual, inclusive na Geração Z, das pessoas de 20 a 30 anos que voltaram com força para a Igreja Católica — explicou ao GLOBO Vladimir Feijó, professor de Relações Internacionais.\nDe Pedro a Leão XIV: Conheça todos os 267 Papas da história da Igreja Católica\nEmbora tenha visões similares às de Francisco em temas como a necessidade de reformas na Igreja e a ênfase no trabalho diplomático, Leão XIV possui, como pontuou ao GLOBO Bruno Antunes de Cerqueira, historiador e especialista em Relações Internacionais, um perfil conciliador, contrastando com a vocação pastoral do antigo Pontífice.\n— O Papa Francisco era extremamente antiprotocolar. E isso dificultou muitas coisas com pessoas na Igreja que odeiam quando não há um acato às fórmulas e à ritualística — disse Cerqueira. — E se vê nitidamente que o Papa Leão XIV não vai ser um papa radical e antiprotocolar.\nPapa Leão XIV aparece na sacada da Basílica de São Pedro após se tornar o primeiro Pontífice americano, em 8 de maio de 2025\nAlessia Pierdomenico/Bloomberg\nUm exemplo disso surgiu em sua primeira aparição. Ali, Leão XIV usou vestes tradicionais: uma mozeta vermelha, uma estola também vermelha com bordados dourados sobre um roquete branco e uma batina, ao contrário de Francisco, que há 12 anos surgiu vestido de branco.\n— Acho que ele será mais cauteloso do que o Papa Francisco, que no afã de reformar a Cúria Romana entendia que era necessária também uma reforma no visual papal — aponta Cerqueira.\nRearranjo geopolítico\nAlém de protocolos e simbologias, Leão XIV demonstrou no passado ter exímias habilidades políticas: seu perfil no portal Crux Now, que acompanha a Igreja Católica, o descreve como “uma figura moderada e equilibrada, conhecida pelo bom senso e pela grande capacidade de ouvir, e alguém que não precisa bater no peito para ser ouvido”.\nNo período como bispo no Peru, atuou para conciliar as divisões entre representantes da chamada Teologia da Libertação, associada à esquerda, e da Opus Dei, ligada a setores tradicionalistas da Igreja, com relativo sucesso.\nNo caso dos americanos, o fato de Leão XIV ser o primeiro Papa nascido no país soa, para Nobre, como mais um aceno ao equilíbrio.\n— Essa eleição, em um momento de rearranjo geopolítico, revela um cálculo estratégico — afirma. — Os EUA têm um episcopado polarizado, mas que escolheu um Papa oriundo desse contexto, com habilidade diplomática já demonstrada em seus anos à frente de dioceses muito multiculturais. Isso parece reforçar o papel desse novo Pontífice como uma figura de transição, de unidade, de reposicionamento da Santa Sé.\nManter a relevância da Igreja: Leão XIV herda cinco grandes desafios do pontificado de Francisco\nTrump, que não é católico, e o vice-presidente JD Vance, que é católico, usaram tons nacionalistas em suas primeiras declarações. Mas isso não significa, necessariamente, que o Pontífice agradará à Casa Branca — no passado recente, o então cardeal Prevost fez críticas, em redes sociais, a Trump e Vance.\n— Leão XIV não vai ter discursos personalizados contra Trump. Mas vai mandar recados. E ele escolheu o nome de Leão XIV, uma referência ao Papa que iniciou a crítica magisterial contra os males do capitalismo — disse Cerqueira, se referindo a Leão XIII, que em 1891 publicou a encíclica “Rerum Novarum”, que lidava com a questão do trabalho e os excessos do capitalismo sem regulamentações.\nVinicius Vieira, professor de Relações Internacionais na FGV, também vê necessidade de Leão XIV usar um tom sereno em suas ações, mais uma vez contrastando com o “ativismo” de Francisco, se quiser ser bem-sucedido no apaziguamento dos católicos.\n— A questão que fica é a necessidade de manter essa agenda “progressista”, mas não de maneira tão evidente para justamente evitar atrair a oposição de setores mais conservadores — opinou ao GLOBO. — Por isso, o Papa, ao meu ver, tende a calibrar melhor sua retórica para evitar uma Igreja dividida."
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